nocaute

eu fui tua por um momento

eu entreguei meu coração em tuas mãos

e tu

não notou

não deu valor 

eu me desarmei por um segundo 

tu me nocauteou 

me deixou no chão 

sangrando 

com um coração 

fora do peito 

morrendo

l e n t o 

sabedoria

saber rir da dor

anulação

me silencio
quando quero gritar
me anulo
quando quero me impor
me amarro
quando quero me soltar
me mato
quando quero viver

marcas

ele deixou
marcas tão profundas
na minha alma
que até hoje
elas ainda
doem

seja arte

eu sou arte
cada curva
do meu corpo
faz parte
de uma obra prima

Medo

Minhas forças parecem ter se esgotado. Me vejo a beira do abismo há tempos e não vejo ponte alguma ao longe. A única alternativa que me sobra é pular para o desconhecido, mas, logo eu que sempre fui tão medrosa e nunca arrisquei nada na vida? Logo eu que sempre tive medo de voar quero me atirar do alto do abismo? Logo eu?
Porém, quanto mais o tempo passa, mas eu eu percebo que essa é a única alternativa. É aquele velho ditado "se correr o bicho pega, se ficar o bicho come" e quanto mais tempo eu fico parada pensando em que caminho seguir ele chega mais perto de mim com um sorriso cheio de dentes afiados e a baba escorrendo pelos cantos da boca querendo me devorar. E a decisão do que vai acontecer é só minha. O que eu devo fazer?

Dementador particular

Há quase quinze minutos atrás eu precisei sair de casa e olhei pra lua, naquele momento eu senti uma necessidade insana de escrever, fotografar e desenhar aquela imagem, mas como meus talentos para fotografia e desenho são questionáveis, estou eu aqui escrevendo.
Eu nunca fui boa em descrever coisas, mas as sensações que a lua me trouxe, ah, essas foram incríveis. Parecia que eu havia sido transportada para um mundo mágico e que por cinco segundos só existiam eu e aquela imagem, nele eu poderia ser uma atriz, cantora e escritora que toca violão e piano e estaria tudo bem.
Mas depois que voltei pra casa a realidade bateu forte, bateu sem dó nem piedade, bateu como vem me batendo há tempos. Eu não sou atriz, cantora, escritora e tampouco toco algum instrumento. Eu sou só mais uma pessoa frustrada por não conseguir ser quem realmente é por medo de enfrentar os medos.
Se, hoje, eu pudesse voltar no tempo e encontrar meu eu de doze anos, eu diria que eu deveria tentar, que eu poderia falhar, fracassar, ou simplesmente descobrir que não gostava daquilo, mas que eu teria descoberto porque eu fui lá e enfrentei meus medos.
Eu quero fazer isso agora, enfrentar meu bicho-papão, mas ele parece cada vez mais assustador e um simples Riddikulus não o afastará. Ela é o meu Dementador particular.